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Portabilidade de financiamento imobiliário pode gerar economia de R$ 90 mil

Portabilidade de financiamento imobiliário pode gerar economia de R$ 90 mil

Estudo revela o quanto os mutuários que contrataram um crédito nos anos de 2015 e 2016 – ou antes, quando a taxa Selic estava em dois dígitos – podem economizar agora, se eles pedirem ao banco a redução de menos de 0,5% dos juros em contrato ou trocando de banco.

Quando o governo autorizou a portabilidade do crédito imobiliário a qualquer pessoa que tivesse uma casa ou apartamento financiados, os empresários da construção civil comemoraram a boa notícia para o setor. Mas bastaram alguns meses naquele ano de 2014 para perceberem que a medida foi em vão, já que não fazia sentido o consumidor trocar de instituição financeira quando as taxas de juros subiam em todos os bancos.

Foi preciso esperar quatro anos para que a opção pela portabilidade, finalmente, passasse a valer a pena para os mutuários. Hoje, após sucessivas quedas na Selic, aqueles que assinaram o contrato nos anos de 2015 e 2016 conseguem encontrar um custo da dívida mais barato, com taxas menores se comparadas aos juros aplicados naquela época. “O cenário atual é perfeito para o consumidor tentar renegociar as condições de crédito com o próprio banco, ou mesmo partir para a portabilidade”, afirma a advogada Daniele Akamine, pós-graduada em Economia da Construção e sócia da consultoria Akamines Negócios Imobiliários.

Para demonstrar a vantagem, Daniele elaborou um estudo que compara o saldo devedor nas situações quando ocorre ou não esse tipo de renegociação.

A primeira simulação mostra o impacto da redução de 0,5 ponto percentual no custo efetivo total de um crédito de R$ 191 mil, concedido em 2016, num prazo de 30 anos pelo sistema SAC. Quem negociou uma condição melhor para financiar seu imóvel lá atrás conseguiu economizar, nesses dois anos, R$ 13.216,00 – figuras 1 e 2.

1. Contrato assinado em 2016
Compra e Venda R$ 270.000,00
Financiamento Inicial R$ 191.850,00
Idade 38
Prazo 360 meses
Sistema SAC
Taxa de juros em 2016: 10,30%
Prestação Inicial R$ 2.184,00
Valor total R$ 514.260,00

2. Se a redução de 0,50% fosse aplicada desde o início do contrato em 2016
Compra e Venda R$ 270.000,00
Financiamento Inicial R$191.850,00
Idade 38
Prazo 360 meses
Sistema SAC
Taxa de juros em 2016 9,80%
Prestação Inicial R$2.110,00
Valor total R$ 501.044,00
Entretanto, se o desconto de 0,5% só for obtido agora, o cliente deixará de pagar R$ 73.963,00 até o final do contrato, além de ter o valor da prestação reduzida de R$ 2.100,00 para R$ 1.800,00 (simulação 3). Para esse cálculo, foi considerado que o mutuário permaneceu na mesma instituição onde tomou o crédito e que a dívida vinha sendo amortizada desde 2016, com o pagamento das parcelas mensais.

Fazendo a conta: economia vinda pela redução do custo da dívida com a nova taxa (514.260,00 – 413.197,00) – amortizações feitas em dois anos (191.850,00 – 164.750,00) = 73.963,00.

3. Considerando a redução de 0,5% em 2018, após 2 anos de amortizações
Compra e Venda R$ 270.000,00
Financiamento (após 2 anos de amortizações) R$ 164.750,00
Idade 38
Prazo (passados dois anos) 336 meses
Sistema SAC
Nova taxa de juros em 2018: 9,80%
Prestação Inicial R$ 1.852,00
Valor total R$ 413.197,00
No próximo cenário (simulações 4 e 5), o estudo da Akamines compara o que aconteceria se esse mesmo cliente, que conseguiu agora uma redução de 0,5% na taxa de juros, não tivesse interesse em diminuir o valor das suas prestações (R$ 1.852/mês), preferindo continuar pagando uma parcela em torno de R$ 2.100,00/mês para quitar o saldo mais cedo. A redução do prazo da dívida geraria uma economia de R$ 103.906,00 para o seu bolso (413.197,00 – 309.291,00 = 103.906,00).

Cliente que conseguiu redução de 0,50% na taxa de juros, após 2 anos de amorização
4. Diminuindo o valor da prestação 5. Diminuindo o prazo de financiamento
Compra e Venda R$ 270.000,00 / R$ 270.000,00
Financiamento Inicial R$ 164.750,00 / R$ 164.750,00
Idade 38 / 38
Prazo 336 meses / 200 meses
Sistema SAC / SAC
Taxa de juros 9,8 / 9,8
Prestação Inicial R$ 1.852,00 / R$2.185,00
Valor total R$ 413.197,00 / R$ 309.291,00
A última simulação trata da portabilidade e mostra a economia de um mutuário que vinha pagando uma taxa de juros até hoje de 10,30% a.a. Ao decidir mudar de banco, migrando seu financiamento para uma instituição que oferece 8,98% a.a, ele deixará de gastar R$ 91.435,00 com o financiamento do seu imóvel. Fazendo as contas: 514.260,00 (custo da dívida com taxa de 10,30%) – 395.725,00 (novo custo da dívida, com taxa de 8,98%) – 27.100,00 (amortização feita em dois anos) = 91.435,00.

6. Sem portabilidade / 7. Com portabilidade
Contrato assinado em 2016, com taxa de 10,30% ao ano, após 2 anos de amortização Contrato assinado em 2016, após 2 anos de amortização, mas agora com taxa de 8,98% após a portabilidade
Compra e Venda R$ 270.000,00 / R$ 270.000,00
Financiamento R$ 191.850 (empréstimo original) / R$ 164.750,00 (valor do empréstimo após 2 anos de amortização)
Idade 38 / 38
Prazo 360 / 336
Sistema SAC / SAC
Taxa de juros 10,30% / 8,98%
Prestação mensal R$ 1.748,70 / (novo valor da prestação) R$ 2.184,00
Valor total da dívida ao final do contrato R$ 514.260,00 / R$ 395.725
Custo do Cartório não se aplica + R$ 2.000,00*
Tarifa do novo banco para analisar a documentação não se aplica + R$ 3.000,00*
A advogada esclarece, contudo, que o processo de portabilidade de financiamento imobiliário exige uma segunda análise de crédito pelo novo banco escolhido, além da reavaliação do valor do imóvel e registro em cartório. Daí a razão de o consumidor não considerar apenas as taxas de juros oferecidas no mercado, mas sim, o CET (Custo Efetivo Total, onde estão incluídas tarifas extras, como a contratação de seguros, manutenção de conta corrente e outras exigências da instituição).

“Na dúvida, a recomendação é sempre procurar um especialista para simular todos esses cálculos e verificar qual das duas tentativas seria mais vantajosa: trocar de banco ou renegociar sua taxa de juros na mesma instituição financeira que concedeu o empréstimo original”, finaliza a advogada.
18/09/2018 Fonte: Resumo Imobiliário

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